terça-feira, 12 de agosto de 2008

comentário de peça


A DESCOBERTA DAS AMÉRICAS

Para começar a falar de uma peça de tamanha importância, me sinto na obrigação de escrever primeiro a definição de uma certa palavra, palavra essa que já sintetiza os próximos parágrafos desse texto. FANTÁSTICO: "Adj. Que se refere à imaginação. Quimérico, criado pela ficção. Incrível, extraordinário, invulgar, excepcional: projetos fantásticos". Todos esses adjetivos, e muito mais, estão no espetáculo do ator Julio Adrião, "A Descoberta das Américas". Contado de uma forma leve e divertida, mas não menos reflexiva, essa peça mostra o desrespeito por um povo, uma invasão maquiada por uma conquista.
Contrariando um fazer teatral do século 21, onde a estética do espetáculo vem em primeiro lugar, cenários, figurinos, iluminações, soluções cênicas, são fundamentais para uma montagem; um ATOR desconhecido do grande publico, vem e mostra justamente o contrario, mostra que para fazer um bom espetáculo de teatro, precisa-se apenas de três coisas: uma boa história para contar, pessoas para ouví-la, e um fantástico encenador.
O ator Julio Adrião em uma hora e vinte de espetáculo faz o publico viajar na historia da 'Descoberta das Américas', pelo ponto de vista do personagem Johan Padan. Com uma performance maravilhosa e sem nenhum objeto cênico, Julio Adrião enche o palco de europeus, índios, bichos, objetos e até mesmo personagens bíblicos, dando vida a cada um deles e levando o público a visualizá -los e a embarcar nessa maravilhosa história de Dario Fo. Tudo isso, graças ao seu fantástico trabalho corporal, vocal e ao rico universo criado para a peça.
A interpretação dada por Julio Adrião nesta montagem é uma verdadeira aula de teatro. Aula de como estar inteiro em um personagem; como trabalhar com uma máscara cênica; como trocar de personagem em frações de segundo; como animar um objeto totalmente inanimado; como trabalhar com mímica de uma forma verdadeira, que o publico visualize cada objeto mostrado; tempo de comédia; como ser um verdadeiro contador de histórias; como brincar com o som, usando ruídos, vozes diferente e onomatopéias; até mesmo uma das aulas mais básicas para o ator, como respirar em cena usando o diafragma. Todos esses recursos de Julio Adrião se evidenciam em palco, dando vida ao já citado rico universo cênico.
Como já havia dito, FANTASTICO é um ótimo adjetivo para traduzir esta peça, um espetáculo totalmente amarrado com talento e encenado com amor. São por esses e outros motivos que o trabalho de Julio Adrião foi reconhecido com o prêmio Shell. E é por este, e por outros atores, que temos que nos orgulhar em dizer, "EU FAÇO TEATRO."

2 comentários:

Alonso Zerbinato disse...

Tamo junto, blogueiro!


A parada é expandir!

Unknown disse...

Assino em baixo!

Julio Adrião justo merecedor de excelente crítica por esse espetáculo!

Também tive e sempre tenho a mesma sensação quando vejo um bom trabalho

"Como é bom fazer teatro!!

Aliás,como é bom conhecer pessoas (artistas)como vc Diogo! Que nos incita ainda mais a apreciar a arte. Parabéns pelo blog!